Etnomodelagem e Capoeira

diálogos afro-diaspóricos para uma Educação Matemática Antirracista

Autores

  • Elane Oliveira ROCHA Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB)
  • Zulma Elizabete de Freitas MADRUGA Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB)

Resumo

Este artigo tem como objetivo analisar como aspectos culturais da capoeira podem dialogar com o ensino da matemática escolar, a partir da perspectiva teórico-metodológica da Etnomodelagem, tomando como eixo a valorização de saberes afrodiaspóricos e o cumprimento das Leis 10.639/2003 e 11.645/2008. O estudo constitui um recorte de uma pesquisa qualitativa de mestrado e baseia-se na análise de uma entrevista narrativa realizada com um professor/contramestre de capoeira, cujo discurso revela elementos identitários, filosóficos, organizacionais e técnicos característicos dessa prática ancestral. As falas do participante foram examinadas segundo procedimentos da análise de conteúdo, articulando as abordagens êmica, ética e dialógica da Etnomodelagem. Os resultados evidenciam que a capoeira é permeada por múltiplas racionalidades matemáticas implícitas em seus rituais, movimentos corporais, ritmos, instrumentos musicais e técnicas tradicionais de confecção artesanal. Mostram ainda que a interação dialógica entre conhecimento cultural e conhecimento acadêmico pode potencializar práticas educativas antirracistas, ampliando a presença das epistemologias africanas nos currículos de matemática. Os resultados apontam que a Etnomodelagem, desenvolvida com o contexto da capoeira, contribui para a decolonização do ensino, para a formação de estudantes críticos e para a valorização de saberes historicamente marginalizados, constituindo-se como estratégia possível para uma Educação Matemática comprometida com as relações étnico-raciais.

Biografia do Autor

Elane Oliveira ROCHA, Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB)

 

 

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Publicado

2025-12-24