Holofotes da atenção na aprendizagem matemática

evidências de videoaulas à luz da neurociência cognitiva

Resumo

Este artigo investiga o papel das videoaulas de matemática a partir da perspectiva da Neurociência Cognitiva da Atenção, da Psicopedagogia e da Resolução de Problemas. A análise de comentários de estudantes em diferentes canais de YouTube, articulada a referenciais arqueogenealógicos, mostra que o recurso ao vídeo não é apenas conveniência, mas uma resposta adaptativa a contextos presenciais percebidos como ruidosos, desmotivadores e pouco organizados do ponto de vista atencional. Os resultados indicam que as videoaulas funcionam como “diretores de iluminação”, ao guiar o holofote da atenção para elementos centrais, reduzir distrações e ampliar a autonomia no ritmo de estudo. Essa configuração modula redes atencionais top-down e bottom-up, reduz a carga cognitiva e atenua efeitos da ansiedade matemática, favorecendo ganhos rápidos em desempenho procedimental. Contudo, também limita a exploração conceitual mais profunda, exigindo uma abordagem modulada que combine foco procedimental e problematização. Conclui-se que as videoaulas não são apenas ferramentas didáticas, mas sintomas de transformações mais amplas na ecologia da Educação Matemática, reconfigurando papéis de professores e estudantes e tensionando a lógica da economia da atenção.